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Mariana Kawazoe

Mariana Kawazoe

Psicóloga, Psicoterapeuta e Orientadora Profissional

POR QUE…? Falta de espontaneidade-criatividade

J. L. Moreno, o criador do psicodrama, desenvolveu o conceito de espontaneidade-criatividade, que acho que tem tudo a ver com a situação que vivemos todos os dias, mas em situações de crise, fica “berrante”. Espontaneidade-criatividade são respostas novas e adequadas diante de situações antigas ou novas. Bom, acho que não estamos tendo respostas novas e muito menos adequadas.

Dalmiro Bustos, psiquiatra psicodramatista, no livro “Perigo… Amor a vista! Drama e psicodrama de casais” (1990) faz uma correlação de inteligência emocional com o conceito de espontaneidade, quando Goleman fala sobre “emoção adequada”.

Moreno, em seu livro “Psicodrama” (1993) fala de três reações espontâneas possíveis diante de novas situações: 1) Nenhuma resposta numa situação (desprovida de espontaneidade); 2) Uma velha resposta a uma nova situação (desprovida de espontaneidade); 3) Nova resposta a uma nova situação (não adianta ser nova se não é adequada). E, acrescento aqui uma quarta situação: 4) Nova resposta adequada a uma nova ou antiga situação, que é o que chamamos de espontaneidade-criatividade.

Para que essa quarta reação aconteça, Moreno diz que é preciso ter senso de oportunidade, imaginação e originalidade de impulso próprio em emergências. É uma característica fundamental para a adaptabilidade e flexibilidade e indispensável para um organismo em rápida mudança.

Agir só espontaneamente é equivalente à impulsividade. Damásio, em seu livro “A estranha ordem das coisas: as origens biológicas dos sentimentos e da cultura” (2018), fala que agir por impulso depende de um temperamento e a forma como esses impulsos e emoções são ativados dependem da genética, do desenvolvimento e das experiências na primeira infância, somados aos ambientes histórico e sociais, incluindo a estrutura familiar e a educação.

Diante disso, podemos pensar que, se aceitarmos a situação como ela está no momento, poderemos ter saídas espontâneas e criativas, fazendo diferente do que fazíamos antes, mas o que eu vi muito foi o relato de pessoas dizendo que pareciam que estavam em “suspensão”, tal como os planos de médio e longo prazo.

Apesar da campanha do “novo normal” (na verdade, eu não gosto dessa expressão, prefiro “nova realidade”, como diz o psicólogo Yudi Yozo, mas a campanha poderia ter funcionado), parece que muita gente não se adaptou a essa nova realidade e ficou esperando as coisas voltarem ao que era antes, ou seja, se não percebemos que a realidade mudou, não mudamos a forma de lidar. É importante ter consciência da situação e das nossas emoções, como diria Damásio.

Mas, aí é que está: quando estamos diante de situações de perigo, situações que nos levam ao estresse extremo, reagimos de formas irracionais em nossa própria defesa, em defesa da nossa sobrevivência e podemos ficar egoístas, chegando a diminuir, inclusive, a nossa capacidade de empatia (se colocar no lugar do outro e sentir o que ele sente).

A diminuição da capacidade de empatia é um dos efeitos possíveis diante da pandemia. Abordarei esse tema em outro post.

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