Nessa pandemia, ouvimos muito falar em “negacionismo”, porém, a ideia deste texto é falar sobre o mecanismo psíquico da negação, que é um conceito diferente, mas que está atrelado a essa defesa psíquica. Esta configura-se de forma inconsciente, de maneira a formar uma certa “proteção” à pessoa.
Christian Dunker, psicanalista, fala em seu vídeo “Negacionismo e psicanálise” (2021) – o qual recomendo muitíssimo – que negação é um mecanismo de defesa psíquico e ele pode ter várias reações e ser de várias formas. Alguns tipos de negacionismo podem ser: 1) De massa: quando a pessoa está em um grupo e passa a agir como o grupo, causando uma regressão cognitiva, adoração ao líder, cegueira mental, recusa na diversidade, identificação com os iguais; 2) Do tipo psicótico: ele cria um delírio, cria algo fora da realidade, pois o delírio é uma tentativa de cura. Ele não consegue lidar com contradição e angústia, por isso forma o delírio, mas é diferente daquele que se apropria dessas coisas usando o delírio para provocar uma divisão subjetiva nas pessoas (polaridades), criando inimigos e divisão social, usa ameaças e autoridade agressiva, evoca o que a psicanálise chama de “pulsão de morte”; 3) Do tipo neurótico: costuma fazer tudo certinho, mas acaba cometendo reações de “acting out” (sabe o protocolo, não segue e sente culpa depois) e/ou uma “passagem ao ato” (agride o outro, comete ato violento, um suicídio, pois não reage bem à situação de proibição, que o levou à privação e à frustração); 4) Tem aquele que sabe o que deve fazer, sabe que é importante, mas não faz mesmo assim, transgride e ainda justifica; 5) Discursivo: aquele que fala que não segue os protocolos, mas segue.
Já vimos que pode ser muito perigoso negar uma realidade, até porque, como falei no texto anterior, sem aceitar a realidade não conseguimos agir de maneira adequada, nos colocando em risco e colocando os outros em risco também.
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