bolha
Mariana Kawazoe

Mariana Kawazoe

Psicóloga, Psicoterapeuta e Orientadora Profissional

QUAL É A SUA BOLHA?

Muitas pessoas ouviram falar de “bolha” (social) em relação às redes sociais e seus algoritmos. No entanto, a “bolha” sempre existiu, mas conhecemos com outros nomes, como por exemplo: “panelinha”, grupo, turma, galera, “tribo” etc.

Todos nós precisamos fazer parte de algum grupo, pertencer, ter uma identidade social. Como diz o ditado: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és!”

Em geral, escolhemos estar com os nossos iguais e isso fortalece nossas ideias e nossas escolhas. Às vezes também acontece de escolhermos pessoas que não têm nada a ver conosco e nos fazem mal, mas sentimos dificuldades de sairmos do grupo, muitas vezes até por medo ou insegurança de não pertencer a nenhum outro grupo. Mas, como costumo dizer: “Sempre encontramos os nossos iguais!” Ainda que eles sejam diferentes, mas iguais em valores, comportamentos e ética.

O grande risco em ficarmos fechados em nossas “bolhas” é perdermos a crítica e não questionarmos informações, pensamentos e comportamentos que circulam internamente e rebatermos sem reflexão o que chega de outros grupos.

Existe um conceito de IN GROUP / OUT GROUP, no qual tendemos a pensar como o líder do grupo ao qual pertencemos. Isso impede que tenhamos consciência das nossas escolhas e das nossas ações. A tendência é agir automaticamente e sem crítica.

Do ponto de vista da neurociência, fazemos isso porque o cérebro não quer fazer esforço, quer poupar energia e seguir pelo mesmo circuito que ele está acostumado a fazer. Acho que fazemos muito isso, especialmente em aquisição e mudança de hábitos. Como é difícil! Exige muito até que a gente acostume com o novo hábito. Nada que a determinação, o enfrentamento da preguiça e a repetição não resolvam o problema. OK, falar é fácil e é difícil fazer, eu sei! Mas se não começarmos, nunca vamos conseguir.

Enfim, voltando à questão das “bolhas”, muitas vezes para nos afirmarmos em grupo, acabamos difamando a imagem do outro grupo! Por exemplo: se eu sou torcedora de um time de futebol, tendo a difamar o outro time. Ou, se eu sou de esquerda, tendo a difamar a direita (e vice-versa). Se gosto de rock, tendo a criticar outros estilos musicais. E por aí vai! Você, que está lendo, pode pensar em outros exemplos.

Mas, vocês já perceberam que para dar o exemplo tive que usar polaridades? Nunca estivemos tão polarizados como agora! Mas, o que significa isso? Significa que estamos vivendo um “ou” eu sou de direita, “ou” eu sou de esquerda! “Ou” eu sou psicodramatista “ou” eu sou psicanalista. Como diria a psicóloga e amiga, Mariana Garbim, ao invés de sermos “ou” podemos ser um “e”. Eu posso ser psicodramatista “e” psicanalista etc. Já ser direta “e” esquerda fica meio esquisito, mas posso ser um centro-esquerda ou um centro-direita ou não escolher nenhuma posição. Também posso gostar de rock, reggae, jazz, samba etc. Se bem que, pensando bem, acho que isso não se aplica muito a algumas coisas, como torcer para um time de futebol, mas daí não existem apenas dois polos, existem diversos times.

É engraçado como socialmente é cobrado que a gente escolha um lado. Como diz uma música da banda de punk rock “Flicts”: “Quem faz seu lado não precisa escolher!” Faço minha a sua fala!

Já ouvi uma crítica de que eu sou muito “eclética” com as abordagens da psicologia, como se eu tivesse que seguir apenas uma abordagem. Se ser eclética é não se posicionar, então eu discordo que sou eclética, mas se ser eclética é diversificar e escolher o que é melhor naquele momento, então concordo que sou eclética e me orgulho de ser assim, pois quando escolho meios e ferramentas para trabalhar com os meus pacientes, estou pensando no melhor pra eles e não o que é o “certo” pra mim.

Na música também tendo a gostar de vários estilos, sou eclética, e penso que isso abre muitas possibilidades para conhecer diversas pessoas, com ideias e jeitos diferentes. Adoro isso! Se tem uma coisa que me interessa é conhecer as pessoas e as suas diversidades.

Num momento em que nunca estivemos tão polarizados, em que as redes sociais com seus algoritmos favorecem muito isso e as pessoas estão muito influenciadas por elas, num momento em que temos lideranças falhas nos governos e estamos carentes de boas lideranças (porque seres humanos precisam de líderes), penso que é o melhor momento para refletirmos sobre nossos pensamentos e nossas ações, é um momento de quebrarmos padrões, de enfrentarmos a preguiça mental e diversificarmos nossas “bolhas”, mas se temos que pertencer a alguma “bolha”, eu escolho a “bolha” da diversidade, da reflexão e da crítica, do respeito aos seres vivos e à natureza! E a sua? Qual é a sua “bolha”?

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