A maioria das pessoas vai querer responder que não se importa com o que os outros pensam, mas a verdade é que todo mundo se importa com a opinião alheia.
Desde sempre nos relacionamos com outras pessoas e aprendemos a partir de modelos que temos. Também nos baseamos bastante nas reações alheias para delinearmos a forma como nos comportamos. Quando alguém não leva em conta a reação do outro, fica até meio estranho, porque numa relação sempre levamos o outro em conta.
Às vezes até sentimos falta de uma opinião, como por exemplo, vestir uma roupa e perguntar o que a outra pessoa acha, tomar uma decisão importante, escolher uma rota diferente… A outra pessoa, muitas vezes, nos ajuda a enxergar aspectos que não estávamos vendo, ampliando as possibilidades, ou até mesmo ajudando a afunilar o excesso de opções que temos nos nossos dias. Ou até nos dando opiniões que vamos escolher exatamente o oposto (já vi isso acontecer muito)!
Porém, existem alguns riscos em se importar demais com a opinião alheia. Uma delas é não conseguir fazer escolhas, nos apoiando tanto no que escolhem pra gente que acabamos não tendo noção do que queremos, pensamos e sentimos.
Outro risco é ficar se pautando na aprovação que os outros fazem para podermos agir. Isso me lembra o episódio 1 da temporada 3 da série futurista britânica “Black Mirror” chamado “Nosedive (Queda Livre)”, na qual a protagonista e todos os outros personagens vivem em função das “curtidas” alheias, delineando tudo o que decidem fazer no dia-a-dia. Você pode ascender dependendo as aprovações ou cair dependendo das reprovações.
Qualquer semelhança é mera coincidência? Muita gente vive em função das redes sociais, não só publicando postagens, como acompanhando quem chamamos de “influencers”. Mas, é claro que, em geral, as pessoas só postam recortes positivos da sua vida e, apesar de todo mundo saber disso, ainda se sentem mal com a própria vida, achando que a vida dos outros é melhor. É a velha história do “jardim do vizinho é sempre mais verde”.
Ruim pra quem se importa tanto, ruim para quem julga tanto. Já sabemos: quem se importa com tanto julgamento, costuma ser muito julgador (e vice-versa).
Tem uma outra série chamada “Bridgerton” que mostra bem essa questão das aprovações, dos enquadres no socialmente correto, das expectativas sociais etc. É uma série de época (com toques da atualidade) que aparentemente é superficial, mas traz vários aspectos que podemos analisar/discutir: patriarcado, feminismo, relações homoafetivas, legado familiar, aprovação social, ser perfeita/o, liberdade/ausência dela, padrão de beleza, dinheiro, casamento, amor, comportamentos, se importar com a “coluna social” etc.
E tem uma outra série que recomendaram, que é a “Gossip Girl: a garota do blog”. A tradução do nome da série é este, mas eu traduziria literalmente por “fofoqueira”. Ainda não assisti, mas parece que tem essa mesma temática.
Bom, o que quero dizer é que se tem tanto filme e série que aborda a temática é porque ela existe na vida real, certo? Então, não se preocupe tanto em não se preocupar com os outros, só não deixe que isso se torne o eixo da sua vida.
Que tal olhar a sua vida como um todo, com aspectos positivos, negativos e neutros? Afinal, ninguém tem a vida perfeita!